domingo, 11 de maio de 2014

Olhos de Águia

Há quem diga que os olhos são a porta da alma, nada escondem, nada disfarçam e dizem o que a boca prefere calar. Antes de tudo, esclareço uma coisa. Não estou generalizando, afinal, somente um dentre tantos olhares me encanta, faz-me perder os sentidos, me hipnotiza. Há quanto tempo mesmo? Três anos.
É. Realmente, uma hipnose que só os melhores conseguem fazer. Sinceramente, você não é o melhor, tampouco alguém que eu me orgulharia ao apresentar para meus pais e amigos. Mas, automaticamente você já se apresentou à minha vida, puxou uma cadeira e sentou-se para ver minha regressão. Esse olhar desperta o melhor e o pior de mim. Desperta meus instintos mais ardentes, fumegantes como uma chama, que se fragiliza até apagar quando uma lágrima corre em meu rosto.
Ameaçador, com um toque de malícia e desejo. Basta! É o necessário para eu me render, sem ao menos uma palavra ser pronunciada. Já não é mais preciso um “eu te amo”, na verdade, nunca precisou. Me ter torna-se tão fácil como respirar.
Seu instinto de caçador fere meu coração, a única presa que (in)felizmente não é seu alvo mais. Seus olhos de águia esverdeados já não provocam o mesmo efeito, pois esperança tornou-se apenas uma palavra cuja cor representativa é verde. Sem mais comparações ao seu olhar. Aqui jaz o amor, enquanto minha felicidade padece.
Não é posse. Deixou de ser amor. A saudade? Sempre me acompanha. Então, o que me acorrenta a seu destino, tira meu sono, faz-me sua prisioneira? Já sei. Seu olhar... Mas, vai além.
Nem em sonhos você imagina que fui predestinada a saber de seus dias, sentir suas dores, de ver seu semblante indiscretamente rondando minha mente e dizendo “Ajuda-me!”.
Temo que seja assim para sempre. E que não importa o quanto eu fuja, seu olhar de águia sempre me alcance a quilômetros de distância. Temo continuar vidrada, navegando, sem me dar conta de que até mesmo no raso posso afundar.

Mas, meu maior medo é que essa hipnose sugue meus dias, minha felicidade, o resto de tempo que mereço por direito. Suplico apenas que tenha dó de mim, das lágrimas e sorrisos que perdi, do tempo que nunca mais voltará a correr. Peça socorro, faça sinal de fumaça, estale os dedos, mas por favor, não olhe para mim. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário