- Senhora, sua passagem, por favor!
Desculpei-me pela distração e entreguei o papel um pouco
amassado. Estava encantada demais olhando pela janela do ônibus minha vida
retroceder. Sim, em cada rua que passava via-me uma menina que não sabia o que
esperar da vida, vendo o tempo passar. Anos depois retornei ao ponto de
partida, tudo tão nostálgico.
Desci no ponto em frente à escola que fiz o ensino
fundamental e parei para observar os jovens animados que saíam da escola. À
medida que caminhava em direção a casa de meus pais reconhecia alguns rostos,
mas ninguém que de fato chamasse minha atenção.
Distraidamente e absorta com as melancolias que me cercavam
atravessei a rua e um carro freou em cima de mim. O rapaz, atencioso saiu carro
para se certificar que eu estava bem e assim que nossos olhares se cruzaram meu
coração parou. A avenida parou. Ele sorriu e suspirou aliviado,
coincidentemente eu também. Não porque ele não havia me atropelado e por eu
estar bem, nosso alívio foi saber que o destino finalmente estaria cumprindo
sua promessa, fez com que a brisa nos arrastasse até aquele lugar mágico, onde
tudo começou, onde tudo provavelmente terminaria. Dessa vez, terminaria bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário